— Até ao outro lado? — pergunta-lhe uma das raparigas gordas.
Vem, vem, diz ela com os olhos.
— Ele vem — diz a segunda rapariga gorda.
— Bebem mais alguma coisa? — pergunta a terceira rapariga gorda, pena que seja tão feia, a beleza interior está muito bem, mas que se há-de fazer?, não chega.
Carlos hesita, faz que hesita, não hesita — é tudo igual: sabe que irá, e que irá enfiar os dedos frenéticos e bêbados no sexo sumarento de uma das raparigas gordas (ou de qualquer outra), sentir-lhe o suor conquistado na dança, e que se lixe, que se lixe a rapariga morena — e no entanto... — que se lixe — e no entanto — que se lixe — e no entanto — o melhor será não confundir as coisas.
Beber? Claro que bebem mais. Claro que as coisas são muito claras. Claro que se vão divertir. Pois não diz a música “I’m happy again”?
“Há alguma doença nisto?”
“Em quantos problemas estamos ao mesmo tempo?”
“Quem é que deixou o mundo chegar a isto?”
Porque não? Porque não há-de ser possível ele pensar as coisas assim? A estupidez é uma mulher fútil que usa um bom perfume. Os pensamentos são o perfume da mente a esvair-se.
Carlos está consciente.

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