ESCREVE O LUÍS MIGUEL (ao acaso)

“Sextas, sábados, feriados...
As universidades, as escolas de arte, os colégios, todos os pequenos cemitérios desta grande e antiga urbanização vomitaram hoje, para as ruas sinuosas, as suas bizarras crias. O dinheiro escorre por mesas, mãos, balcões, e não tem cheiro. Cheira a cona ou a suor ou a sarjeta, mas o seu valor mantém-se. Só não sai o vermelho, não sai o número da sorte, o jackpot prometido. Vamos então lá até ao fundo e depois volta-se para trás e depois logo se verá.
Mas o mar é contrabandista, e no depois-logo-se-vê as universidades não param: bizarras crias, amores de leite. Uma falsa loira cambaleia, rua acima, em sapatos de salto alto e meias de renda de fantasia. Sim, anda muito dinheirinho nesses bolsos.
Mil polícias controlam, cheios de juventude com bigode, renovação da imagem pública, etc. Aqui ao lado, ao balcão, um deles, à paisana, faz-se de bêbado. Anda a investigar. Mas não entende nada. É como pensar que um homem pode perceber o que é dar à luz. Estúpidos polícias, estúpida noite. Azar ao jogo? Aposte outra vez.
Há, entretanto, também, outras questões a considerar: gente que já não tem dinheiro ao dia seis de cada mês, por exemplo. Assim, fazem sopa de feijão, arrastam os chinelos, têm os cotovelos dos casacos coçados, e resmungam.
Quem tudo vê de tudo pode falar. Merda. Então e a muita importância e a pouca importância das coisas? Ser velho, ser jovem, ter as unhas encravadas, ou cancro, ou acne, saber ou não saber...”

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