Quando saímos vimos que o Carlos já não estava connosco, e o Fernando (aquele que é actor) disse: “saiu com aquela gaja que estava junto a ele”. “Viste?” “Não. Mas quase de certeza...”
Bom, como não o encontrámos e estávamos com fome, fomos até ao bar que há no Mercado Municipal e que está aberto a noite toda, e o Tó (que é fotógrafo) roubou uma maçã de uma caixa, e a velha que era a dona das maçãs e da hortaliça veio um bocado atrás de nós, aos berros, e chamar-nos filhos da puta, e o Fernando disse-lhe: “puta era a tua avó”, e ficámo-nos por aí, com os tipos dos camiões que estavam para descarregar a olharem-nos com pinta de maus. Estava um bófia à nossa frente, na fila para os bolos & cacau, e o Rui, que é maluco, lembrou-se de lhe apetecer vinho verde e começou a sarnar-nos o juízo, a dizer que ninguém ia beber café com leite, beber era vinho verde, estava fodido porque uma tipa lhe dera um estalo na discoteca porque ele lhe tinha apalpado o cu, mas ela também não estava a pedir outra coisa, bom, de qualquer modo o Rui ficou fodido e devolveu-lhe o estalo, e depois vieram os amigos dela meter-se ao barulho, uns sonsinhos de merda que até davam dó, e então metemo-nos nós, e a água não chegou a ferver, um dos tipos ainda disse: “ela é minha namorada”, mas o Fernando, que é um tipo com um metro e noventa, falou-lhe por cima da cabeça: “Ah sim então mete-a no cu”, e ficou tudo mais tranquilo.

Bom, o Rui entrou mesmo naquela do vinho verde, mas como mais ninguém queria beber a porcaria do vinho ele comprou uma garrafa só para si e uma sande de queijo e pôs-se a comer e a beber e o bófia a olhar para ele e ele viu o bófia a olhar e perguntou-lhe: “é servido?”, mas o bófia não respondeu. O Tó disse então, alto e bom som, que não devia haver polícias, mas o bófia continuou a não lhe ligar.
Depois fomos até à beira do rio e o Rui ainda estava fodido e cheio de dinheiro e quis voltar atrás e pagar bifanas e cerveja a todos, mas ninguém aceitou porque estávamos um pouco mal-dispostos e cheios de sono. Encontrámos então duas raparigas que também tinham estado na mesma discoteca que nós e pusemo-nos a chateá-las, mas havia uma que era conhecida do Tó, e ele disse: “este tipo é maluco, não lhe liguem”, e o Rui disse: “somos todos malucos, estamos fodidos”. Já estava era superbêbado, de tal modo que depois não queria ir para o barco, e disse que ia morrer, e por isso tivemos que ir a empurrá-lo, e ele lá acabou por ir. No barco, vomitou. O Fernando ria-se, com grandes gargalhadas, e o Tó, por momentos, pareceu que também ia vomitar, mas lá conseguiu escapar-se com um sorriso retorcido.
Estava uma noite quente, e foi pena não nos termos divertido mais, mas estávamos todos um bocado esquisitos, não sei porquê. Nem os copos nem os charros nem as mulheres nos animaram coisa que se visse. Mas às vezes é só isto, e mais vale deixar passar.
Cheguei a casa eram seis e trinta da manhã. O Carlos, só o tornei a ver na segunda-feira.

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