Às três da manhã, Carlos deu uma cambalhota sobre o destino e perdeu-se de todos os seus conhecidos. A morena continuava a seu lado.
— Como te chamas? — perguntou ela.
— Não me lembro. Quem és tu? — Ela ainda abriu a boca, para responder, mas ele prosseguiu logo: — Não, não digas o teu nome. Diz-me antes: tens soutien vestido?
— Sim.
— Ainda bem.
— Por nada. Não ligues.
— Onde vamos agora?
— Não sei, sou estrangeiro aqui. O que é que sugeres?
— Que achas que deva sugerir?
— Como posso eu sabê-lo? Que sabe um estrangeiro, fora da sua terra?
— Vamos para minha casa.
— Que idade tens?
— Vinte e três. E tu?
— Um instante mais. Vamos como?
— De táxi.
“Vinte e três? Tinha pensado dezassete”. Claro: o rosto miúdo, a figura pouco acentuada, a própria roupa a diluir-lhe os contornos.
Contudo, quando ela se despiu, Carlos, a olhá-la, disse: “devagar”, e a olhá-la ficou. Já há muitos fins-de-semana que não via nada assim. E dizia: “fundo, fundo”. Não, não vamos já aí. Acabámos, isso sim, de chegar. A casa dela.

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